quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Abraçar o novo

A lagosta vive tranquilamente no fundo do mar, protegida pela sua carapaça dura e resistente. Mas, dentro da carapaça, a lagosta continua a crescer. Ao final de um ano, sua casa ficou pequena e ela tem de enfrentar um grande dilema:ou permanece dentro da carapaça ou morre sufocada ou arrisca sair de lá, abandonando-a, até que seu organismo crie uma nova carapaça de proteção, de tamanho maior, que lhe servirá de couraça por mais de um ano. Vagando no mar, sem a carapaça, a a lagosta fica vulnerável aos muitos predadores que se alimentam dela . Mesmo assim, ela sempre prefere sair. Dentro da carapaça, que se transformou em prisão, ela não tem nenhuma chance. Fora, sim. Muitas vezes, ao longo da vida, nós ficamos prisioneiros das carapaças que são hábitos repetitivos, os condicionamentos alienantes, as situações às quais nos acomodamos, mas que, exauridas e desgastadas, nada mais têm para nos oferecer. E acabamos, por falta de coragem de mudar, nos acostumamos ao tédio de uma vida monótona que, fatalmente, como a velha carapaça da lagosta, acabará por nos sufocar. Façamos como a lagosta: troquemos a velha e apertada carapaça por uma nova. Mesmo sabendo que, por algum tempo, estaremos desprotegidos ao enfrentar uma nova situação. Largar o velho e abraçar o novo é, muitas vezes, a única possibilidade de sobreviver por mais um ano.
Texto de Luiz Pellegrini, publicado na Revista Destino- maio/2001.
Para, pense e mude as antigas carapaças que nos impedem de avançarmos em direção ao novo...